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A prática de esportes e a saúde mental infantil


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A prática de exercícios físicos pode se configurar como uma das estratégias para promover a saúde mental de crianças, uma vez que a sua realização é fundamental para o seu desenvolvimento, tornando-se assim um fator de proteção. Além disso, a participação regular em atividades físicas, como aquelas realizadas no tempo livre, que funcionam como formas de compensação em momentos de estresse, angústia e ansiedade, têm o poder de reduzir as tensões, revigorar as energias e proporcionar prazer, relaxamento e bem-estar aos praticantes (Rubio, 2000). 

Estudo realizado por Martikainen e colaboradores (2012) demonstrou que crianças que dedicam mais tempo a atividades físicas têm menores chances de apresentar problemas emocionais, tais como ansiedade e depressão, assim como dificuldades de interação social e comportamentais. Portanto, a prática de exercícios físicos na infância é essencial, assim como a importância de manter boas relações com os colegas no contexto social.

Além disso, de acordo com Chang e sua equipe (2011), foi constatado que a prática de exercícios aeróbicos pontuais está diretamente relacionada ao aumento da capacidade cognitiva executiva em áreas ligadas ao planejamento e à resolução de problemas. Já Alves et al. (2004) observaram resultados positivos decorrentes tanto de exercícios aeróbicos quanto de força. Adicionalmente, uma revisão abrangente da literatura revelou que a prática de atividades físicas aeróbicas apresenta um impacto benéfico na cognição e na função cerebral (Hillman, Erickson, & Kramer, 2008).

Os benefícios mentais dos treinos para jovens costumam ser negligenciados, embora Biddle (2011) resuma essas descobertas. De modo geral, praticar mais exercícios está relacionado com maior autoconfiança e sensação de competência, maior motivação para se exercitar e a intenção de continuar, maior foco nas tarefas e menor índice de depressão. Além disso, a quantidade de exercício está ligada à percepção da própria atração física, importância da aparência e autoestima em meninas na adolescência.

Sabe-se que o funcionamento cognitivo é bastante complexo, entretanto, alguns estudos encontraram resultados do impacto da prática de esportes nesta área. Estudos meta-analíticos mostraram que os efeitos para indivíduos sem comprometimento cognitivo foram discretos, porém significativos (0,20-0,43). Por outro lado, os efeitos foram mais significativos para aqueles com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) que praticaram exercícios aeróbicos por 6 a 10 semanas (0,58-0,84) (Cerrillo-Urbina et al., 2015). Uma revisão sistemática mais abrangente foi conduzida por Donnelly et al. (2016), concluiu-se que crianças com melhor aptidão ao esporte, apresentaram um desempenho cognitivo superior, tanto em estudos de curto prazo quanto em estudos de longo prazo. Além disso, as intervenções de programas de atividade física mostraram melhorias nos testes de função executiva. Em síntese, as evidências de revisões, incluindo análises meta-analíticas, sugerem que a prática de atividade física e/ou o aumento da aptidão física podem resultar em benefícios cognitivos positivos.

Através de uma análise conjunta de vários estudos, Rebar et al. (2015) examinaram o potencial antidepressivo e ansiolítico das atividades físicas em adultos sem diagnóstico clínico. Os resultados apontaram que o exercício físico teve um efeito moderado na redução da depressão e um efeito de menor magnitude na diminuição da ansiedade, indicando a eficácia dessas atividades na melhoria dessas condições psicológicas em adultos sem diagnóstico clínico.

Segundo Deutsch e colaboradores (2013), o estímulo do progresso físico e do progresso intelectual são consequências da participação em atividades esportivas e estão conectados ao ambiente em que as crianças vivem. O esporte é uma das maneiras mais comuns de uma criança se envolver em atividades durante seu crescimento é um dos pontos fundamentais abordados na prática esportiva é a promoção da resiliência. De forma geral, aqueles que lidam com situações difíceis de maneira resiliente tendem a ter atitudes mais firmes diante dos obstáculos diários. É possível observar a adoção de estratégias comportamentais, como persistir diante dos desafios, cognitivas, como buscar soluções eficazes para os problemas, ou mesmo emocionais e físicas, ao incorporar hábitos saudáveis no dia a dia (Kuyken et al. 2010).

À medida que diferentes formas de esporte são praticadas e mais pessoas têm acesso a ele, os profissionais das áreas esportivas começam a encontrar novas oportunidades de trabalho. Um exemplo disso é a utilização do esporte como uma ferramenta para lidar com questões relacionadas à mente e ao comportamento. A prática esportiva pode ser eficaz, funcionando quase como uma forma de psicoterapia - um conjunto de técnicas para tratar problemas mentais e emocionais - em crianças, ou para prevenir tais problemas, contribuindo para a saúde mental delas (Knapp, 2004).


 
 
 

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